Memórias

Por Tonho França | 10/30/2009 11:27:00 PM em | comentários (1)

Vejo nos beirais dos poucos sobrados vivos
Olhos antigos que observam meus passos
Querem caminhar comigo
E conhecer diferentes ventos e pássaros
Não sabem os olhos seculares dos poucos sobrados vivos
Que nada há de novo na melodia dos ventos
E nem pássaros, para onde eu sigo.



Tonho França

Tarde de Autógrafos

Por Fabiano Fernandes Garcez | 10/29/2009 03:20:00 PM em | comentários (0)


A Livraria Café e Cultura convida você para a Noite de Autógrafos dos livros Baque e Cinco lugares de Fúria, com os autores Fábio Weintraub e Pádua Fernandes respectivamente, no dia 31/10/2009, às 17h, entrada franca.


Em 'Cinco lugares da fúria', o poeta Pádua Fernandes apresenta as etapas de um périplo anticidadania. De um mundo traficante de exílios, passando pelo cadáver insepulto de imigrantes clandestinos mortos no deserto, por zonas de classe média onde pedintes são assassinados, entre outros lugares, chega-se ao aborto do espaço público. Por tais regiões inóspitas, que convergem para a distopia, o poeta transita.

Pádua Fernandes. Nascido no Rio de Janeiro em 1971, vive em São Paulo, onde é professor universitário. Foi colaborador da extinta revista portuguesa de cultura Ciberkiosk e integra o conselho editorial das revistas Jandira (Juiz de Fora) e Cacto (São Paulo). É autor de O Palco e o Mundo, poesia (Lisboa, Edições Culturais do Subterrâneo, 2002) e é organizador e autor do posfácio da antologia de Alberto Pimenta, A Encomenda do Silêncio (São Paulo, Odradek Editorial, 2004).


Em baque, Weintraub radicaliza a poética de seu livro anterior, Novo endereço (2002), abrindo mão de nomear sua paisagem íntima para dar voz a uma outra intimidade: a de prostitutas, motoboys, doentes, ex-modelos, mendigos, idosos, entre outros seres que vagam entregues à própria sorte. Por meio de uma escolha muito precisa de imagens, ritmos, dicções, estes versos cristalizam — no melhor sentido da palavra - a experiência do espaço social degradado de uma grande metrópole.
Nesse sentido, "Fotografia" parece ser um poema emblemático do livro: "De cócoras/ como quem ora/ ou pragueja/ sob a marquise/ a mulher// Oculta/ pelos caixotes/ embriagada/ entre sobras de repolho// Pela calçada em declive/ cachorros lambem o chorume// Penso na foto/ franzindo a testa// solidário/ imprestável". Pois é exatamente dessa "inútil" solidariedade que parecem nascer os versos de Weintraub, em cuja linguagem límpida e exata o grotesco aflora — veja-se o assombroso "Transplante" — como expressão contemporânea da subjetividade


Fabio Weintraub nasceu em São Paulo, em 1967. Psicólogo pelo Instituto de Psicologia da USP, com formação em psicanálise, atualmente cursa o mestrado em Teoria Literária na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma universidade. Publicou os livros de poemas Sistema de erros (1996), vencedor do prêmio Nascente em 1994, e Novo endereço (2002), que recebeu os prêmios Cidade de Juiz de Fora, em 2001, e Casa de las Américas, em 2003. Trabalha como editor em São Paulo.


Livraria Café & Cultura
Av. Dr. Renato de Andrade Maia, 765 – Parque Renato Maia – Guarulhos – SP.
11 2229-0376

Santa Terra

Por Tonho França | 10/27/2009 10:08:00 PM em , , | comentários (1)

Semeada de homens
florida de lápides

ARMAZÉM DAS PALAVRAS

Por Pedro Du Bois | 10/24/2009 07:02:00 PM em , , | comentários (0)

a voz se cala
no discurso feito

o efeito
silencia
a plateia

o espanto

na plateia
alguém ergue o corpo
e pergunta

sobre a possibilidade
de o discurso ser refeito
com a inclusão de lendas e mitos
fadas e gnomos

mulas-sem-cabeças

a voz se cala.

(Pedro Du Bois, ARMAZÉM DAS PALAVRAS)

(DES)TEMPO

Por Pedro Du Bois | 10/22/2009 09:21:00 PM em , , | comentários (0)

Na verdade
o tempo
passa
em silêncio

aproveita o vácuo
da linguagem
e avança

leva os corpos

menos os de alguns pássaros
migratórios

voam e gritam verdades
em contrário senso.

(Pedro Du Bois, (DES)TEMPO)

Nada, nada

Por JURA | 10/22/2009 06:09:00 PM em , | comentários (0)

nada, nada
como fim de tarde
depois da lida
fim de tarde , tarde que finda
o quintal e a figueira.

Borboletas

Por Tonho França | 10/21/2009 11:54:00 PM em , , | comentários (1)

No ramo de alecrim
reluz o poente entre
matizes de saudade vermelho-carmim

Tonho França

Beatriz

Por Tonho França | 10/19/2009 11:52:00 PM em , , | comentários (1)

A face calma e secular cheirava a cais e especiarias
Seu olhar pairava sobre todas as rotas e mundos
E era em seu lábio que os ventos vinham aprender as diversas canções.

Todos a chamavam Beatriz

De seu ventre parira o universo entre rosas azul-desejo
E fez-se mãe de todos os deuses e deusas
Mitos e crenças, rituais e profecias...

E era na pausa das chuvas que tecia as noites e os dias.

O seio claro alimentava os meridianos,
Os demônios que nasciam das águas
E homens de chapéu e terno de outras gerações

eram longos os dedos de Beatriz,
e na palma de sua mão
guardava o céu e uma caixa de fetos

caminhava sobre as constelações com passos antigos e cansados
vestida de branco, com flores de anjos no cabelo
descia ao céu de tempo em tempo
com ramos de luzes e anis

desde o início e por todo o sempre
todos a chamavam Beatriz
em silêncio...

Beatriz.


Tonho França.

Por JURA | 10/19/2009 06:16:00 PM em , | comentários (1)

Tenho olhado o tempo, como quem olha um painel de memórias. Minhas observações ora me surpreendem , ora me aliviam.
Tenho olhado o tempo, como faço café pra amigos em tardes de domingo

Cada um tem o ídolo que merece

Por Fabiano Fernandes Garcez | 10/14/2009 03:04:00 PM em , , | comentários (0)

Lembro-me sempre dos versos de Cazuza: Meus heróis morreram de overdose... Os meus nem todos morreram assim, uns sim, outros morreram de mortes naturais, outros foram assassinados e outros de causas diversas, porém muitos ainda vivem.
Um dos que já faleceram, me marcou muito, com sua música, com seus versos e, principalmente, por perguntar a todos que conhecia que livros ele estava lendo, não sei o porquê, mas isso influenciou muito minha juventude, pois se a leitura é importante para o Renato Russo ao ponto de ser a primeira informação a querer saber de alguém, deveria ser importante para mim e eu que sempre li muito, passei a ler mais ainda.
Isso é passado, Renato Russo e Cazuza foram ídolos do passado, hoje os tempos mudaram, Talvez a primeira coisa a se saber de alguém é onde ele malha, onde faz lipo, onde se brônzea e por aí vai. Os novos ídolos são mais preocupados com a beleza estética do que a beleza intelectual.
Um fato acontecido nos faz pensar, os que ainda pensam, em um dos seus programas de televisão, vi pelo CQC em seu TOP 5, Silvio Santos perguntava a Carla Perez uma palavra a respeito do Alasca e ela disse: praia. Isso gerou até uma brincadeirinha do dono do baú, mas ela não parou por aí, depois associou Baco a barco e grande canal ao rio Tietê, só lembrando que a moça é a mesma que em outro programa pergunta a uma telespectadora se a letra era I de escola, depois ela ainda fala se era E de isqueiro.
Ela continua ser uma moça de glúteos grandes e bonitos, será que só isso é suficiente para ser um ídolo brasileiro? Cada um, ou cada povo tem o ídolo que merece!

A CONCRETUDE DA CASA

Por Pedro Du Bois | 10/11/2009 08:28:00 AM em , , | comentários (1)

3
A casa ouve o pedido: o instante
do desespero em descobertas. Tempos
de reformas e crescimentos. A peça
se apequena; o espaço parco:
divisão injusta ao aflorado. No jardim
flores perdidas em viço e a árvore cortada.
A terra resseca seu tempero, o fruto
cessa o amadurecimento.

A hora chegada da partida,
ir embora - sem retorno.

(Pedro Du Bois, A CONCRETUDE DA CASA, inédito)

Olho por olho, dente por dente

Por Eryck Magalhães | 10/09/2009 01:11:00 AM em , , | comentários (1)

Ele, cego de um olho. Ela, toda banguela. De inveja, ele furou o olho dela e ela arrancou-lhe um a um os dentes. E foram felizes para sempre.

2016: A olimpíada do Lula!

Por Fabiano Fernandes Garcez | 10/07/2009 02:19:00 PM em , , | comentários (0)

Quer queiram os críticos ou não, o Rio venceu Madri, Tóquio e Chicago na disputa pela Olimpíada de 2016. A quem devemos creditar essa vitória? A Lula, claro.
Apesar de ser muito criticado pela imprensa tupiniquim e também, pelo Zé Povinho, que muitas vezes repete que ouve na televisão sem saber o que está falando, Lula é um líder respeitadíssimo fora do Brasil e transmite muita confiança para outros líderes e, principalmente, para instituições internacionais, não é por acaso que Obama se referiu a ele como: O cara! Não tenho como garantir, mas se fosse outro presidente, o Brasil não sediaria nem a Copa de 2014, mesmo sendo o país do futebol.
Alguns críticos estão dizendo que com os problemas que o Brasil tem, não deveria gastar milhões com os jogos olímpicos, porém se até agora nunca houve uma olimpíada, por que ainda temos esses problemas? A real questão é que esses críticos elitistas preconceituosos, não conseguem suportar a ideia de que um brasileiro, nordestino, sem um dedo, que escorrega na concordância verbal e agora deu para enfiar “ou seja” em toda frase , conseguiu fazer justiça social no mundo! Coisa que nenhum sociólogo afrancesado da USP fez! É a primeira olimpíada na América do Sul!
Não votei no Lula e encontro inúmeros defeitos em seu governo, mas é inegável que é um grande estadista. E para utilizar metáforas lulantes, o Rio de Janeiro deve fazer como aquelas mulheres que são lindas por natureza, mas estavam um pouco desleixadas, sem auto-estima e apanhando dos maridos fazem quando são convidadas para ir a um casamento. Vão a um salão de beleza, passam o dia todo lá e chegam ao Buffet deslumbrantes, depois vão pagando as parcelas do cartão de crédito ou os cheques pré, se der!

O PRIMEIRO EXERCÍCIO

Por Pedro Du Bois | 10/04/2009 09:03:00 PM em , , | comentários (0)

1
O primeiro exercício: retirar da indecisão
a miséria com que completa a cena, o descalabro
de se saber vencedor. Ter sido vencido
no primeiro assalto, ter sido o assaltante
atrás da máscara, a máscara anteposta à resposta

exercitar a palavra em discursos
inúteis
estéreis
ao último aplauso

evitar o exercício da seriedade e se declarar insano
ao tirano que exige seus movimentos: o ser parado
na entrada estende a mão
suplica
invoca mitos
em detalhes
reveladores: o primeiro
exercício é a certeza
da coisa feita.

(Pedro Du Bois, O PRIMEIRO EXERCÍCIO, inédito)


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